terça-feira, 22 de setembro de 2009

Fibromialgia e depressão - O antes e o depois


Algumas vezes sentimos falta de alguém porque a pessoa simplesmente sumiu. O sumiço das pessoas pode acontecer por vários motivos, o mais provável é que as coisas para ela estão muito boas ou estão muito ruins. No meu caso as coisas estão melhorando! Ufa!!!
Desde o dia 29 de agosto eu venho sofrendo menos por causa das dores causadas pela fibromialgia, elas se tornaram menos freqüentes e quando aparecem vem com menor intensidade. Não me perguntem por que, pois não sei responder. Eu mesma ando me perguntando isso e por mais que eu queime os meus neurônios não consigo desvendar este mistério. Será que eu fiz alguma lavagem cerebral em mim mesma e consegui me livrar de algum “peso” emocional sem perceber?
Bem, eu ando mais levinha mesmo porque de novembro para cá, época em que iniciei meu tratamento, já eliminei sete quilos dos onze que adquiri durante o meu calvário! Calma... Eu sei que vocês vão querer a fórmula milagrosa que causou essa maravilha! Quem é que não quer eliminar alguns quilinhos, não é mesmo?
Desde o inicio do meu tratamento eu estou tomando dois antidepressivos e um deles diminui a ansiedade. Eu já convivi com pessoas muito ansiosas e achava aquilo tudo bem estranho. Fiquei muito surpresa quando fiquei sabendo que estava com ansiedade porque como eu nunca fui assim, não me via desta forma, não reconheci os sintomas e não consegui perceber este problema. O que eu sentia era um tipo de fome constante, eu acabava de almoçar e depois de cinco minutos já sentia fome outra vez. Eu estava achando isso horrível porque nunca tive loucura por comida, nunca vivi em função da dela, sempre me alimentei com apenas o necessário e por isso sempre consegui manter meu peso ideal.
Quando eu era criança, provavelmente por eu comer pouco, me deixavam de castigo para me obrigar a comer e eu passava horas neste castigo, sozinha na cozinha, sentada em frente a um prato de comida sem a menor vontade de comer. “Coitadinho” do meu pai, ele não sabia como lidar com a minha falta de apetite. Eu sempre fui a mais magrinha da família e nunca fui uma criança que vivia doente, ou seja, eu era saudável, mas era considerada raquítica pela minha avó materna, que era de uma geração em que as crianças tinham que ser gordinhas e só assim eram consideradas saudáveis, as crianças magras eram consideradas fracas e doentes.
As mães realmente são criaturas maravilhosas e a minha não era diferente. Vejam do que ela era capaz! Enquanto todos estavam na sala assistindo TV, eu ficava sozinha na cozinha em frente aquele prato de comida, já gelada, sem a menor vontade de tocar nela. De repente quem aparecia? A minha mãe! Ela sabia que eu não ia comer aquela comida, então com a desculpa de ver se eu estava comendo, ela saia da sala, vinha até a cozinha e comia um pouco daquela comida gelada! Provavelmente ela engolia aquilo quase sem mastigar enquanto andava até a sala! Isso ela fazia umas duas ou três vezes e na última dizia mais alto:
- Agora já está bom. Pode ir!
Ela fazia isso porque sabia que se eu não comesse meu pai viraria uma fera e as coisas não acabariam bem!
Elas são ou não criaturas incríveis?
Entre mães e filhos as palavras são desnecessárias. Lembro-me muito bem da nossa troca de olhares que fazia com que eu me sentisse compreendida e amparada. É... Nesta hora não teve jeito mesmo, estou chorando! Mãe faz muita falta e a gente só percebe o quanto, quando perde! Ela é uma das poucas criaturas neste mundo, com a qual podemos realmente contar (além do seu cachorro, é claro). Se você ainda tem mamãe não deixe de pararicá-la muito, ela merece isso! As mães fazem as coisas mais simples da vida, como por exemplo, um chazinho qualquer ou uma sopinha, quando estamos doentinhos. Se você prestar bem atenção são estas pequenas coisas as mais valiosas, porque elas vêm naqueles momentos em que estamos mais frágeis e precisando de algum apoio.
Neste caso também existem exceções. Já convivi com pessoas que diziam detestar a mãe, que o pai era maravilhoso e a mãe era uma crápula. Para mim, isso sempre foi muito estranho porque tive uma mãe maravilhosa. Minha reação com esta pessoa era tentar fazer com que a visse a situação de outra forma, mas não tinha jeito e ela passava a me contar os absurdos que a mãe fazia e de como o pai era maravilhoso. Tenho o mesmo pensamento sobre aquela frase muito repetida por amantes de cachorros. “Desconfie de quem não gosta de cães”. Acho que não é bem assim porque alem de ser apaixonada pelos nossos dois cãezinhos, eu também adoro todos os outros e não me considero uma pessoa maravilhosa. Tenho muitos defeitinhos de fabricação. Eu já convivi com pessoas apaixonadas por cães, que não eram seres incríveis e que com o passar do tempo tiveram comportamentos detestáveis, como por exemplo, fazer com que um companheiro de trabalho fosse demitido em beneficio próprio. O pior é que até onde eu sei, ele não sabe disso e deve continuar achando que ela é uma pessoa maravilhosa! E não sou eu que vou contar a ele toda a traição que sofreu pelas costas, porque sei que as coisas tendem a correr seu curso naturalmente e como digo sempre, um dia a casa cai e a verdade virá à tona, ou então posso dizer “O feitiço vira contra o feiticeiro” ou ainda “Aqui se faz, aqui se paga”.
Bem, deixando as “viagens” de lado, já estou voltando para a Terra para continuar de onde parei. Como eu dizia, eu estava passando por um período de ansiedade. Depois de cinco minutos que eu havia acabado de almoçar eu já estava com fome novamente e ia para a cozinha assaltar a geladeira ou o armário onde estavam as bolachas. Eu passava o tempo todo com fome e desesperada porque quando me olhava no espelho eu me detestava cada vez mais porque não parava de engordar. Minha sorte é que caí nas mãos de médicos excelentes que foram certeiros na recomendação dos antidepressivos e por isso estou eliminando o peso que adquiri e voltando ao meu normal.
Quando eu me queixava da minha condição, algumas pessoas diziam: Você está ótima, ou então, depois de um tempo todo mundo engorda mesmo ou ainda, você estava muito magra ou qualquer outra frase parecida. A questão é que eu não me sentia bem física e emocionalmente, eu não me conformava em estar gorda e estava muito infeliz por causa disso. Para que ninguém me considere uma anoréxica eu fiz o calculo do meu IMC (Índice de Massa Corporal) antes e depois.

Cálculo do IMC
Para fazer o cálculo do IMC é muito fácil, basta dividir seu peso em quilogramas pela sua altura ao quadrado (em metros) e depois comparar o resultado aos valores da tabela IMC. Vejam o meu caso abaixo:

Meu peso normal, antes de engordar.
Meu peso = 52
Minha altura = 1,53
IMC = 52 ÷ 1,53²
IMC = 52 ÷ 2,34
IMC = 22,2

Meu peso máximo até o inicio do tratamento.
Meu peso = 63,5
Minha altura = 1,53
IMC = 63,5 ÷ 1,53²
IMC = 63,5 ÷ 2,34
IMC = 27,1

Tabela IMC
Abaixo de 18,5 Você está abaixo do peso ideal
Entre 18,5 e 24,9 Você está em seu peso normal
Entre 25,0 e 29,9 Você está acima de seu peso (sobrepeso)
Entre 30,0 e 34,9 Obesidade grau I
Entre 35,0 e 39,9 Obesidade grau II
40,0 e acima Obesidade grau III

Como vocês podem ver pela tabela, antes eu tinha um peso considerado normal e depois de engordar os onze quilos passei para o sobrepeso e eu sabia que isso não era bom. Eu já estava perdendo o controle da situação e sabia que em pouco tempo poderia me tornar uma pessoa obesa porque eu não parava de engordar.

Obesidade grau l !!!
IMC = 70,5 ÷ 1,53²
IMC = 70,5 ÷ 2,34
IMC = 30,1

Para que eu entrasse na faixa do primeiro grau de obesidade bastaria que eu chegasse aos setenta quilos, isso quer dizer que se eu engordasse mais sete quilos eu já seria considerada obesa e daí em diante seria cada vez mais difícil voltar ao meu peso normal.
Para mim era muito difícil estar neste estado. Desde que comecei a engordar fui perdendo as minhas roupas e eu me recusava a me desfazer delas porque nunca me conformei com esta situação. Meu guarda-roupa estava lotado de coisas que não podia vestir e eu usava um cantinho do lado direito onde eu colocava o que tinha para usar. Era muito triste para mim, abrir o guarda-roupa e vê-lo lotado de roupas que eu adorava e que não me serviam mais. Isso era uma tortura? Claro que sim. Eu sentia essa tortura principalmente nos finais de semana, mas essa agonia ajudava a reforçar a necessidade que eu sentia de voltar ao normal. Era terrível quando eu tinha algum compromisso importante ou quando simplesmente queria sair mais bonita para ir ao cinema ou qualquer outra coisa. Eu separava a roupa e quando ia me vestia percebia que não estava vestindo bem porque já tinha engordado mais um pouco, nestas horas eu ficava desesperada, mal humorada, chorava e perdia toda a vontade de sair.
A depressão deve ter sido a responsável pelo meu aumento de peso. Eu não tinha vontade de sair de casa para nada, tornei-me sedentária, não conseguia mais subir uma ladeirinha sem me sentir cansada e tinha dificuldade em andar rápido, não tinha vontade de cuidar de mim e muito menos da casa, perdi toda a vaidade que sempre tive e quase não me olhava mais no espelho, ela mexeu com a minha libido também porque perdi a vontade de namorar com o meu marido, eu me sentia muito infeliz, sentia muita tristeza, só tinha vontade de ficar deitada, dormia muito e chorava muito também.
Eu procurava disfarçar este problema na frente de outras pessoas, inclusive do meu marido, porque sabia que existe o preconceito em relação à depressão. As pessoas não conseguem entender o que sentimos e se tentamos explicar, muitas podem pensar que estamos mentindo ou exagerando. Se vocês me perguntarem por que eu tenho depressão, porque me sinto deprimida, porque não tenho vontade para nada eu não vou saber explicar, eu já me perguntei isso milhares de vezes e não encontrei a resposta. Nas piores fases já cheguei ao ponto de sentir vontade de morrer, não digo de me matar porque acho que não tenho coragem para tanto. O que uma pessoa deprimida sente é muito ruim, pode ser o dia mais lindo do ano com um sol maravilhoso, mas continuamos a ver tudo cinza e sem graça. Gostaria muito que parentes e amigos de pessoas deprimidas lessem isso para despertar nelas a vontade de tentar entender um pouco melhor as atitudes de um deprimido e para que não o julguem mais.
Agora que estou em tratamento os piores sintomas da depressão já melhoraram muito, mas no momento, o que está tendo um efeito maravilhoso sobre a minha pessoa é o fato de estar emagrecendo, de estar voltando ao normal e de estar recuperando o aspecto que eu tinha antes. Imaginem a minha alegria quando tive a idéia de experimentar pela primeira vez uma daquelas calças que não me servia mais e constatar que poderia usá-la. Eu não usava esta roupa desde 2002 e fiquei super feliz quando me vi no espelho sem aquela barriga horrorosa e aqueles pneus detonantes em volta da cintura.
Não é só a pessoa doente que sofre por causa das conseqüências de alguma doença, as pessoas mais próximas também são afetadas e sofrem também. Algumas vezes eu me pergunto por que tem que existir coisas tão terríveis como a depressão que leva a pessoa para o fundo do poço, o câncer que até hoje continua sendo um tabu porque alguns ainda são fatais, a fibromialgia que causa tanta dor, o transtorno bipolar que é mil vezes pior que a depressão e muitas outras doenças terríveis. Por quê? Para que? Dizem que os problemas fazem de você uma pessoa melhor. Em que a depressão e a fibromialgia estão me tornando uma pessoa melhor? Só porque estou aprendendo a me conhecendo melhor vou me tornar uma pessoa melhor? O fato de estar me conhecendo melhor só traz benefícios para mim. Acho que estas perguntas vão ficar sem respostas.
O texto acima é de minha autoria.

Este site calcula o seu IMC

A tabela de IMC pode ser encontrada em diversos sites sobre saúde e dieta.

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O que é IMC
O Índice de Massa Corporal (IMC) é um método para avaliação de peso.
É aceito e adotado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), mas não deve ser usado para avaliar o peso de crianças, idosos e pessoas musculosas.
O IMC tem critérios diferenciados para avaliação de alguns grupos étnicos, como por exemplo, os asiáticos.
O IMC é um método preliminar para avaliação de peso, mas se o médico achar necessário deve ser feitos outros exames para complementar.

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Um comentário:

  1. Olá!li agora este texto e como estou a passar pelo mesmo, identifiquei-me logo....Tb tenho fibromialgia e tb engordei bastante...:(.....tinha de peso 58 e já estou nos 70 quilos...:(....já mudei de medicação para a fibromialgia e não tenho tanto apetite como antes, mesmo assim, ainda me vejo muitas vezes a querer comer doces principalmente....ando agora numa nutricionista e já emagreci 2.5 quilos mas mesmo assim, continuo com um grande volume na barriga que me põem inestética, para além de estar a fazer muita retenção de líquidos, até da própria água e ando só a beber chás. Também faço ioga duas vezes por semana...mesmo assim, parece que agora não emagreço mais, pelo menos não vejo tão rápido os benefícios....Bem, isto tudo, para ver se me pode dizer que medicamentos toma para reduzir a ansiedade, logo, reduzir o apetite e aquela vontade maluca de comer este mundo e o outro....
    Se me puder responder, agradecia...aguiarq@gmail.com
    Obrigada

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