quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Virando a página

Não dá para esquecer que tenho Fibromialgia porque dói todo dia, mas estou tentando virar a página nem que seja uma página transparente. Decidi que vou estudar no próximo ano e isso está me deixando mais animada. 
Sei que provavelmente nunca mais me veja livre das dores e de outros sintomas causados pela Síndrome da Fibromialgia. Cansei de ficar esperando por um “milagre”. Para minha sorte nunca precisei de cadeira de rodas, nem de morfina, nunca tive desmaios e não passei por tantas outras situações terríveis que muitos fibromialgicos passam e estero nunca ter que passar por elas.
Quando descobri que estava com uma síndrome terrível, eu estava péssima e fiquei muito revoltada. Posso comparar meu comportamento com o comportamento da maioria dos pacientes com câncer que também apresentam uma fase de extrema revolta.
Para nós, fibromialgicos, é muito dificil aceitar a nossa condição porque além dos terríveis sintomas, a Fibromialgia ainda causa problemas sociais, rejeição e preconceito, coisas que só pioram ainda mais os nossos problemas emocionais.
Passo por altos e baixos, um dia é bom e outro nem tanto, são mais comuns os dias não muito bons que os bons. Apesar de estar passando por uma fase muito difícil da minha vida, tenho estado emocionalmente mais equilibrada, não sei se posso dizer que estou conformada com a situação, mas estou começando a aceitar melhor as minhas limitações, estou respeitando-as e fazendo com que outras pessoas às respeitem.
Algumas vezes fico muito triste com tudo isso. Nestes últimos dias tenho tido sintomas que já não vinha sentindo, como acordar pela manhã com as dores no corpo, as cólicas intestinais voltaram e os desaranjos também, mas está ficando cada vez menos difícil conviver com todas essas coisas.
Estamos no final do ano, as férias estão aí e sei que meu marido vai querer viajar, também quero muito viajar e esquecer os problemas, mas no meu caso eles vão junto comigo e sinto-me insegura. Depois que adoeci nunca mais viajei e não sei como me comportarei, minha maior preocupação é a fadiga que contra ela só tem o descanso, para as dores posso tomar os analgésicos que vão amenizar o problema se elas não forem muito fortes, mas para combater o cansaço preciso descansar e isso pode me causar problemas. Será que conseguirei me divertir ou a viagen se transformará em um martírio? Essa resposta só o tempo tem.
Apesar de tudo, tenho me sentindo mais animada, estou menos fragilizada e um pouco mais confiante e decidi que agora devo voltar a estudar. Tenho vontade de cursar Letras, História e em seguida Jornalismo. Nossa! Tudo isso?
Já estou aposentada, não pela doença, mas por tempo de contribuição e por enquanto posso me dar ao luxo de fazer o que me dá prazer e não o que seria mais rentável!
Apesar de não ter feito nenhum curso superior não escrevo tão mal e procuro evitar erros, mas tenho consciencia de que meu vocabulário deixa muito a desejar. Sempre gostei de ler e devo isso a meus pais que desde bem pequenas nos estimularam a gostar de lápis, cadernos e livros. Eles nos davam revistinhas para colorir ou recortar, lápis coloridos, régua, tesoura... e depois quando alfabetizadas tínhamos vários livros infantis a disposição além dos tradicionais brinquedinhos.
Sendo assim, decidi “pular” o curso de letras e prestei um vestibular para História, obviamente fui aprovada porque não prestei em uma universidade pública que no meu caso é quase impossível ser aprovada. Sei que não será fácil, principalmente no inicio, mas espero que isso me dê um novo gás!
Se puderem façam o mesmo e tentem realizar alguns desejos! Isso pode nos fazer mais feliz e estando mais felizes conseguiremos conviver melhor com as nossas limitações.
O texto acima é de minha autoria.

Encontrei um post muito bom sobre desejos, vale a pena espiar:

2 comentários:

  1. oLA cRIS! Então, um bocadinho em baixo....ânimo para cima...e fico contente por teres essa vontade toda....lol...vai em frente e pensa nas coisas uma de cada vez vivendo apenas o presente! E olha lá, onde é que escreves mal?...lol...nem pensar...escreves e expressaste muito bem...continua.
    Beijinhos

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  2. Oi, Ana. Concordo plenamente com você. Estamos sempre lembrando do passado ou pensando no futuro e o hoje passa despercebido. Passamos boa parte da vida fazendo coisas para o futuro e quando este futuro chegar estaremos mais velhos e cansados para usufruir o que foi construído! Olhar para o futuro é ensinado na infância. Na fase adulta começam as cobranças, a concorrência, é preciso ser melhor que os melhores... enquanto isso o tempo vai passando... Muitas pessoas, quando param percebem que não viveram e sentem-se perdidas sem saber como viver!!! No budismo ensinam que devemos evitar os extremos e trilhar o caminho do meio para encontrar o equilíbrio. Se pensarmos bem, podemos aplicar isso a qualquer coisa. Adorei o comentário. Obrigada. Bjs

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